quarta-feira, 10 de junho de 2015

O que a crucificação representa?


























Se eu não viver para lutar pelos Direitos de igualdade, justiça, por uma nova ordem societária digna e justa. Se eu não puder deixar viva dentro de mim essa utopia de que esse mundo justo vai existir, não sirvo para servir, não sirvo para ser cristã, e não sirvo para ser de esquerda, não sirvo para ser Assistente Social.



Quero deixar bem claro a todos  sou cristã/protestante, mas não detenho o monopólio da religião. Sou contra o Silas Malafaia, Cunha, Feliciano e Magno Malta que usam a fé alheia para manipular a massa.

Sou a favor de uma teologia inclusiva e apoiei os cristãos/protestantes e católicos que estiveram presente na parada LGBTI,  intitulada "Jesus Cura a Homofobia", eu iria estar presente em apoio, mas por motivos pessoais na última hora não foi possível.

Quero esclarecer, sou casada, tenho um esposo maravilhoso, sou mãe de três filhos, dois homens e uma mulher, já sou avó, e não milito em causa própria.

Milito pelo direito e reconheço que o meu próximo tem como eu sendo hétero tenho, pois se ele tem deveres, não é justo que os direitos lhes sejam negados.

Outro ponto, é sobre a imagem da jovem simbolizando uma crucificação, desculpe-me. Mas quem ficou ofendido com essa interpretação, deixe de ser hipócrita e não vá mais peças apresentadas na páscoa em suas igrejas, pois não passam de demagogia.

Aquele simbolismo foi profundo, estava ali representado as mortes de homossexuais, trans, lésbicas, que acontecem a cada 27 horas, e o crime contra a homofobia não foi reconhecido por causa da bancada religiosa e fundamentalista que temos elegido e não aprovou o PLC 122/06.

Respeito a fé e o direito de culto de todos, como quero que respeitem o meu, mas tenho que admitir que se houve excessos nas paradas da comunidade LGBTI, a culpa é minha e de todos que representam uma igreja cristã/protestante que prega o ódio as diversidades, que não aceitam as novas configurações de famílias.

 Então se queremos respeito, que sejamos os primeiros a dar. Vi nesse evento Jesus Cura a Homofobia​ a oportunidade de nos redimirmos dos falsos profetas que usam parte da Bíblia que lhes interessam, e rasgam a outra parte que lhes condenam.

Temos que entender que existem outras configurações de famílias diferentes da que a mídia burguesa prega. E devemos respeitar. Sou cristã/protestante, mas sou de esquerda, sou progressista, e o mundo não gira em torno do meu umbigo.

Existem transformações societárias que precisam urgentemente serem feitas, no âmbito das mais expressivas vulnerabilidades. E questão de gênero é uma causa vulnerável que demanda atenção, a união de todos que defendem os Direitos Humanos lutando juntos pela causa. Sei que existem outras tão necessárias quanto, ou até mais.

Mas, nesse momento, essa veio expor uma ferida que sangra, quando homossexuais, lésbicas, trans, são brutalmente assassinados e vemos seus Boletins de Ocorrência terminar em mero suicídio.

Ainda que haja membros da comunidade LGBTI cometendo o suicídio, temos que dar a mais relevante importância, pois estão dando respostas aos sofrimentos impostos por uma sociedade, patriarcal,  majoritariamente de homens brancos, e héteros.

Se temos que nos sentir ofendidos e boicotar alguma empresa, que sejam as de cerveja, que exploram o corpo das mulheres, são sexistas, mal expõem o produto, mas expõem a mulher como objeto de desejo associando com a marca, quanto a isso não vemos nenhum religioso fundamentalista boicotar.

Pois lanço aqui um desafio, que algum parlamentar lance um projeto de Lei que proíba o uso da imagem da mulher a produtos de bebidas alcoólicas e  de automóveis.

Quero ver qual o homem que vai ter peito pra isso, e qual o religioso que vai passar por cima de seus interesses hipócritas e fazer valer uma causa pela qual se deve lutar.

O padre Júlio Lancelotti ele compreende as dores da diversidade e escreveu em sua conta no twitter: "Na missão pastoral tenho conversado com vários LGBTs, que estão pelas ruas da cidades, alguns doentes, feridos, abandonados. Muitos relatam histórias de violência, abuso, assédio, torturas e crueldade. Alguns contam como foram expulsos de igrejas e comunidades cristã, rejeitados pela família em nome da moral. Testemunhei, lágrimas, feridas, sangue e fome. Impossível não reconhecer neles a presença do Senhor Crucificado!


Por Lúcia Lucia Goulart​




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