terça-feira, 2 de junho de 2015

O Que Tem Demais Esse Comercial?


A repercussão da propaganda do Boticário, por conta da semana dos dias dos namorados, tomou conta das redes sociais. Segundo Vieira (2015), o enredo dialoga com as novas configurações familiares e tem dessa forma a contribuir com as transformações sociais visíveis, quebrando paradigmas conservadores da religiosidade imposta como uma falsa liberdade de expressão. Liberdade de expressão que, diga-se de passagem, somente os religiosos e fundamentalistas "acham" que tem o direito de exercer.

Sou cristã do segmento protestante, e quero elogiar o trabalho. Ninguém nasce hétero, ou gay, ou transexual por vontade, simplesmente nasce e temos que respeitar. Se eu tenho o direito de ser feliz casada com meu esposo, cada um tem o direito de ser feliz a maneira que se sente bem. A publicidade dessa marca elucida isso. 

Sermos felizes num mundo que pensa somente na circunferência do seu umbigo é pequeno demais para os intolerantes, então que esbravejem, mordam as próprias orelhas se conseguirem, mas deixem as pessoas serem felizes e os incomodados que vivam em seus mundinhos fechados e ultrapassados.

Ainda Vieira (2016) aponta o mundo do trabalho que não escapa as transformações sociais. O Capital é um dos sistemas mais contraditórios a se combater, ele só existe pela exploração do homem pelo homem, que visa o lucro, sua base de sustentação, mas tem a capacidade de se inovar através das transformações sociais que se apropria através do marketing. 

Aborda a importância de reconhecer  a contribuição dessa propaganda para as novas configurações familiares. Porém, temos que admitir o quanto serão exploradas as "colaboradoras" na campanha pró semana dos namorados com as vendas dos produtos desse dia comercial.

Continua, essa articulação não é nova, é uma estratégia pensada por Adam Smith, e tem uma releitura de Marx no contexto do fetiche e da mais valia. Por um lado eu tenho sim que elogiar a iniciativa da marca, e que venham outras para quebrar esses arcaicos paradigmas da família nuclear burguesa, e enfrentar os fundamentalistas religiosos, lembrando que não são todos, por outro meu lado revolucionário também grita nessa contradição. 

Eis o dilema da profissão do Serviço Social.


Por Lúcia Goulart


Referência

VIEIRA. L. A. G. Família contemporânea e Relações de Gênero. UNICASTELO, SP, 2016

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