A repercussão da propaganda do
Boticário, por conta da semana dos dias dos namorados, tomou conta das redes
sociais. Segundo Vieira (2015), o enredo dialoga com as novas configurações
familiares e tem dessa forma a contribuir com as transformações sociais visíveis,
quebrando paradigmas conservadores da religiosidade imposta como uma falsa
liberdade de expressão. Liberdade de expressão que, diga-se de passagem,
somente os religiosos e fundamentalistas "acham" que tem o direito de
exercer.
Sou cristã do segmento
protestante, e quero elogiar o trabalho. Ninguém nasce hétero, ou gay, ou transexual por vontade, simplesmente nasce e temos que respeitar. Se eu tenho o direito de
ser feliz casada com meu esposo, cada um tem o direito de ser feliz a maneira
que se sente bem. A publicidade dessa marca elucida isso.
Sermos felizes num
mundo que pensa somente na circunferência do seu umbigo é pequeno demais para
os intolerantes, então que esbravejem, mordam as próprias orelhas se
conseguirem, mas deixem as pessoas serem felizes e os incomodados que vivam em seus mundinhos fechados e ultrapassados.
Ainda Vieira (2016) aponta o
mundo do trabalho que não escapa as transformações sociais. O Capital é um dos
sistemas mais contraditórios a se combater, ele só existe pela exploração do
homem pelo homem, que visa o lucro, sua base de sustentação, mas tem a
capacidade de se inovar através das transformações sociais que se apropria através do marketing.
Aborda a importância de reconhecer a contribuição dessa propaganda para as novas
configurações familiares. Porém, temos que admitir o quanto
serão exploradas as "colaboradoras" na campanha pró semana dos
namorados com as vendas dos produtos desse dia comercial.
Continua, essa articulação não é nova, é
uma estratégia pensada por Adam Smith, e tem uma releitura de Marx no contexto
do fetiche e da mais valia. Por um lado eu tenho sim que elogiar a iniciativa
da marca, e que venham outras para quebrar esses arcaicos paradigmas da família
nuclear burguesa, e enfrentar os fundamentalistas religiosos, lembrando que não
são todos, por outro meu lado revolucionário também grita nessa contradição.
Eis o dilema da profissão do Serviço Social.
Por Lúcia Goulart
Referência
VIEIRA. L. A. G. Família contemporânea e Relações de Gênero. UNICASTELO, SP, 2016
Referência
VIEIRA. L. A. G. Família contemporânea e Relações de Gênero. UNICASTELO, SP, 2016
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